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    João Pedro Grabato Dias ou a Ousadia Expressional: Um grito neomedieval de um poeta excepcional a inscrever no futuro

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    Dizer João Pedro Grabato Dias, isto é, não dizer só o transiente verificável e gritar o homem completo e renascentista que foi-é-será António Quadros. Perceber estarmos perante um estranho estrangeiro , que, como o Pessoa de Robert Bréchon, nesse eco onomástico e significante, se esconde, se mostra, se multiplica, se desmultiplica e se projecta no vento para a eternidade da arte. Ainda assim, sendo, reagindo e vincando assertos seus na uita breuis com que os deuses o haveriam de bafejar em aval a uma coonestação para sempre inquestionável. E essa vida curta para tão longo e competente domínio de múltiplos saberes afirma, no rasto de Menandro, que cedo haverão de morrer aqueles a quem os deuses amam

    Samuel Maia: Do Prazer - Sabor do Vinho ao Calor da Literatura (seduções na obra do médico-escritor de Viseu)

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    A chama fende a noite desde sempre. O gume feérico da palavra inscreve-se em eternidade e o escritor não perde o sonho, não se faz nuvem. Goethe abraça Joyce. Juntos seguem Shakespeare. Próximo, Pessoa espreita. Mas outros se agitam dignamente com lugar marcado e insubstituível. Di-lo o passo poemático em epígrafe, digo-o eu em tom assertivo. E isto tudo a propósito de Samuel Maia, médico-escritor nascido em Viseu, que, tendo conhecido outra visibilidade e uma incontestada representatividade, nomeadamente na década de vinte do nosso século, agora é obscuro domínio para o público avulso e até mesmo para os "profissionais da literatura". Contudo, nem sempre assim foi, sinal de que os modismos vão causando fluxos e refluxos do núcleo para as margens e destas para o centro. Em 1929, um artigo no parisiense > sobre os escritores mais importantes de Portugal perscreve o primado de Eugénio de Castro e de Augusto Gil, seguindo-se-lhes de imediato António Nobre, Aquilino, Samuel Maia, Lopes de Mendonça e Ferreira de Castro (FRANÇA: 129). Ou seja, o autor viseense goza então de uma incontestável centralidade

    António Alves Martins, António Franco Alexandre e Luís Miguel Nava: Breve Roteiro Amoroso a Partir de Três Livros de Poetas Nascidos em Viseu

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    Sobre os espaços de eleição de escritores muito se tem falado. Ninguém contestará poder pensar-se o universal e universalista Vergílio Ferreira como o romancista de Melo - lembre-se ,a propósito , a afirmação de Guimarães Rosa, o escritor do sertão, que postula que quanto mais regional mais universal 1 -, como, aliás, Shakespeare é o escritor de Londres e Stratford-upon-Avon, Kafka o de Praga, Joyce o de Dublin, Eça (com Cardoso Pires) o de Lisboa, Camilo o do Porto, Bernardes o do Neiva, Dickens o de Londres, Hugo o de Paris, Twain o do Mississipi, Wittgenstein o de Viena ...

    O "Livro do Desassossego" de Bernardo Soares e "The Western Canon" de Harold Bloom: uma Aproximação.

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    cânone é a "lei", anunciaram-no os gregos desde há muito. E logo, ultrapassada a notação do genuíno e do inspirado na Bíblia , esse luminoso anúncio se reinscreveu na tradição literária e permitiu, em exemplo, demandas tão virtuosas, na busca da expurgação e dos exempla, como as do cânone da lírica camoniana ou do cânone camoniano, do cânone shakespeareano ou do cânone pessoano. Mas sempre se soube que cada leitor emocionado (e muitos dos melhores leitores são eles próprios criadores) vai construindo a sua lista de grandes obras e as vai sacralizando. Para nós, a lei não vem de fora, existe dentro..

    Linhas de coesão em " A Morgada de Romariz",de Camilo Castelo Branco

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    Na literatura, como nas restantes artes, estamos em crer que nada se perde. Ao contrário, tudo significa. Daí, e para que uma melhor dilucidação se efectue, ser necessário observarmos o que se nos depara, no exterior e no interior. Um simples vocábulo pode empecer a decodificação do texto literário, para tal bastando lembrar a consabida "norma" de que só chegará à literariedade quem conquistar a literalidade. Assim, e acertando pela terminologia kristeviana, poderemos dizer que o fenotexto (estrutura de superfície) e o genotexto (estrutura profunda) de um qualquer exemplar literário mantêm entre si uma relação indissociável e programática. A coesão de um texto, entendendo-se aqui este último como uma tessitura semiótica e linguística, é um facto inalienável, por mais longe que nos sintamos da sua com- preensão. A leitura, por seu lado, e um tanto na esteira da estética da recepção, é ela própria uma tentativa de construção de uma coesão textual

    A Richmond de Régio é Portalegre : a descrição e o espaço na sintagmática diegética de Davam grandes passeios aos domingos

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    O fascínio que o espaço - um certo espaço , diríamos - exerce sobre os artistas da palavra é iniludível. Foi essa pulsão interior, essa adesão irreprimível que fez a nossa Sintra admirada de Byron, Beckford, Tennyson, Palgrave ou Fielding, para só citarmos literatos da Velha Albion. Tal atracção constitui, em termos narratológicos, a prova "claramente vista" de que o espaço é uma fundante e primigénia categoria da narrativa, que, indutora de articulações funcionais profundas, permite, em matiz cumular, a existência do chamado e tantas vezes cultuado romance de espaço. Essa fisicidade, se desapensa da especificidade histórica, conduzir-nos-á, de forma translata, aos correlatos espaço social - e como ele refulge em Davam grandes passeios aos domingos, nomeadamente nos festejos de segunda-feira de Entrudo na casa da Serra de D.Alice Caldeira! - e espaço psicológico - não serão cumeadas da atmosfera psicológica os dilemas de Rosa Maria ?

    Vergílio Ferreira e as suas relações com a cidade de Viseu

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    A palavra literária que continua a dimanar da lava vergiliana, actividade magmática por sobre o fogo e as cinzas dos círculos dantescos onde os artistas e as obras de todos os tempos e lugares se telescopam num locus angelicus aos melhores reservado, sempre nos conduziu a espaços vergilianamente ditos "lugares do seu espírito". Esta aptidão da obra de Vergílio Fer- reira tem paralelo com muitos autores, grande parte dos quais canonizados no incontornável The Western Canon. The Books and School of the Ages., do já celebérrimo Professor de Humanidades da Universidade de Yale Harold Bloom

    Carta ao meu corpo: localismo, utopia & atopia (Roteiro essencialista sobre a cultura viseense)

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    O sertanejo João Guimarães Rosa, que é indubitavelmente um dos mais estimulantes escritores e romancistas de língua portuguesa, desde cedo compreendeu, como o confidenciou a Gunter Lorenz, que observar bem dentro o olho fundo do boi do sertão era olhar para a imensidão do mundo. E logo essa quimera localista se inscreveu na atopia congregadora, aí se insinuando o convite à diferença que promove a audácia de ver melhor, de ver mais longe e de ver da margem, desse modo se criando, à boa maneira de Boaventura de Sousa Santos, uma heterotopia, a que, por conveniência, chamarei também Pasárgada 2, porque me seduz desde logo a ressonância dessoutro formidável poeta brasileiro de nome Manuel Bandeira (Itinerário de Pasárgada , Testamento de Pasárgada e o cativante eco "Vou-me embora p' ra Pasárgada"), e não posso deixar de ficar rendido perante o refinamento arquitectónico do império dos Aqueménidas

    Daqui houve gente de Portugal

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    António de Albuquerque nasce em Viseu, no ano de 1866, vindo a falecer em Sintra, em 1923. A vida e obra do escritor viseense cruzam-se a ponto de quase permanecerem indistintas as fronteiras, normalmente vincadas em obras de maior semioticização, entre narrador, autor-textual e autor-empírico. Devedor da matriz queirosiana (Escândalo! e o Solar das Fontainhas), de que ocasionalmente se afasta, e abandonado o estro lírico em que se iniciara de forma inócua, o corpus literário de D. António de Albuquerque é gerado na ambiguidade da assimilação de influxos naturalistas e decadentistas (pense-se na acédia, na algolania, na morbidez, no rutilismo ou na loucura genética em livros como O Marquês da Bacalhoa), bem como no progressismo social do neo-romantismo vitalista que dominou os dois primeiros lustros do nosso século. Mas António de Albuquerque não deixará de ser nunca o escândalo de O Marquês da Bacalhoa e o ruído das gentes escandalizadas..
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